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segunda-feira, 20 de junho de 2011

Base de conteúdo - 2º Seriados


Extinção de espécies


Conteúdo:


Introdução

História da evolução e extinção de vida no tempo geológico

Casos históricos de extinção pelo homem

Biosfera e extinção em progresso

População de algumas espécies de animais

Causas de extinção

Efeitos de extinção

Medidas possíveis e esforços mundiais

Referências


Introdução

A extinção de espécies é um processo natural que ocorreu durante toda a história da vida. Uma nova espécie surge num ponto de tempo e floresce, aumentando a população e nicho, mas após certo tempo perde o vigor e desaparece. Estima-se que somente 2-4% de todas as espécies que surgiram vivem hoje [1]. Os motivos variam de caso a caso, tais como mudança de clima, esgotamento de recursos, surgimento de novas espécies mais fortes que ocupam o mesmo habitat, e catástrofe natural. A ciência detectou nos registros geológicos muitos episódios de aumento de taxa de extinção ao longo das centenas de milhões de anos de história da evolução de vida. Alguns deles são marcantes por altas taxas de extinção e são chamados de extinção em massa. Cinco episódios são freqüentemente citados, inclusive o último de 65 milhões de anos atrás quando dinossauros foram extintos, mas há outros episódios de menores escalas. Por exemplo, houve nove ocorrências de relativamente altas taxas de extinção nos últimos 250 milhões de anos [2]. Apesar de a extinção de espécies ser discutida muitas vezes em termos de extinção em massa, ela é um processo contínuo com taxas variáveis, acentuado por acontecimentos catastróficos isolados. Segundo a teoria mais aceita, a extinção de dinossauros foi iniciada pela queda de um asteróide. A maioria de fatalidades pode ter ocorrido num curto período de tempo, mas o processo de extinção de uma espécie pode progredir lentamente durante um longo tempo. Cada episódio de extinção em massa foi um processo que continuou durante milhões de anos.

Desde os tempos pré-históricos, dezenas de milhares de anos atrás, o homem causou extinção de espécies, especialmente grandes animais como o mastodonte e tigres com dente de sabre. Mais recentemente, após a colonização pelo homem das ilhas do Oceano Pacífico e do novo mundo, diversos pássaros e outros animais indígenas foram extintos [3]. Nos últimos séculos, especialmente nas últimas décadas, a taxa de extinção de espécies aumentou explosivamente, incluindo todas as formas de vida. Este fenômeno é às vezes chamado sexto episódio de extinção em massa. Estima-se que entre um terço e dois terços de todas as espécies serão perdidas nos próximos cem anos [4]. Praticamente todas as extinções atuais se devem a atividades humanas. As causas principais são a destruição e fragmentação de habitat, poluição, introdução de espécies não indígenas, mudança de clima, caça e diversas formas de utilização abusiva.

A extinção de espécies tornou-se um assunto de discussão mundial nas últimas décadas devido ao reconhecimento crescente destes fatos e da deterioração geral do meio ambiente. O motivo de se preocupar com a extinção varia entre indivíduos, de interesse econômico até princípio filosófico. Os motivos freqüentemente mencionados incluem a perda de materiais genéticos ainda desconhecidos que poderiam ser usadas para benefício do homem nas formas de remédios e alimentos, perda de conhecimento científico, perda de animais carismáticos e plantas ornamentais, receio de perturbação da biosfera e seus efeitos negativos ao homem, sentimento de culpa pela perda de herança para as gerações futuras, perda de reservas genéticas que prejudicariam futura evolução de novas espécies, e o princípio de que é errado eliminar vidas que desenvolveram ao longo de milhões de anos.

A história mostra que o tempo necessário para o surgimento de novas espécies e a recuperação da biodiversidade após um episódio de extinção em massa é da ordem de 5-20 milhões de anos [5]. Na escala humana de tempo, cada extinção significa uma diminuição definitiva e eterna da biodiversidade, uma perda no valor inerente da biosfera, independente do interesse ou convicção de indivíduos.


História da evolução e extinção de vida no tempo geológico


O surgimento e a evolução da vida é um fenômeno ainda incompreensível e aparentemente foi um processo demorado. Durante centenas de milhões de anos após a formação da Terra, as condições nela eram extremas em diversos sentidos. O planeta estava recebendo novos materiais por bombardeamento de corpos cósmicos que, junto com vulcanismo, transformavam a superfície repetitivamente. A atmosfera continha na matriz de nitrogênio vapor da água em alta concentração, dióxido de carbono, metano e amônia. As temperaturas da superfície e da atmosfera eram altas [6].

Simples formas de vida unicelular como bactérias e algas surgiram em cerca de um bilhão de anos, mas seres multicelulares apareceram somente quatro bilhões de anos após a formação da Terra, ou menos de 600 milhões de anos atrás. O primeiro surgimento ocorreu entre 600 e 530 milhões de anos atrás. A fauna deste período é denominada coletivamente Ediacaran e consiste de animais invertebrados com corpo macio. Durante o período houve diversos episódios de invenção de novas formas, mas a maioria não foi bem sucedida, sendo as linhas extintas, exceto talvez algumas como água-viva e o coral. Nestes períodos iniciais todas as formas de vida permaneceram somente no mar. Cerca de 530 milhões de anos atrás, durante um período de cinqüenta milhões de anos, surgiram todas as formas básicas de anatomia (no nível de filo) de animais existentes atualmente, num episódio denominado Explosão Cambriana. No período posterior de mais de 500 milhões de anos, a evolução no reino animal envolveu somente variações e refinamentos baseados nos planos básicos estabelecidos neste episódio [7, 8].

A extinção de espécies é um processo necessário para a evolução de novas e mais avançadas formas de vida e também é inevitável na escala geológica de tempo. A vida procura sobrevivência e pequenas variações vantajosas levam a evolução de espécies melhor adaptadas. Uma espécie enfraquecida, pela mudança de clima por exemplo, pode ser substituída lentamente por outras. Estima-se que a extinção dos dinossauros, 65 milhões de anos atrás, abriu a possibilidade para mamíferos prosperarem, que eventualmente levou ao surgimento do homem. A Terra é um planeta ativo, com suas condições física, química e climática em fluxo. Os continentes estão em movimento, formando montanhas quando dois continentes colidem e oceanos quando um continente quebra. Condições climáticas como a precipitação e temperatura variam com a posição e orientação do continente. Cerca de 225 milhões de anos atrás, todos os continentes se juntaram, formando um super continente Pangaea [9]. Este continente fragmentou-se cerca de 200 milhões de anos atrás, formando dois blocos, Gondwanaland e Laurasia. As placas tectônicas dos dois blocos continuaram se separar, eventualmente formando a geografia atual. O continente Antarctica estava em latitudes mais baixas e tinha florestas que deixaram carvão. Atividades vulcânicas criam montanhas e ilhas, soltam lavas, cinzas e enxofre que bloqueiam o raio solar sobre grandes áreas por longos períodos. Meteoros e asteróides caem na Terra e causam fogos e inundações. A atividade solar e a inclinação da Terra variam com o tempo e afetam o clima. Até o movimento da galáxia pode ter influência. Além destes fenômenos inanimados, interações entre espécies e entre a biosfera e o meio geofísico também podem causar extinção. Atualmente em certas ilhas e outros lugares espécies introduzidas pelo homem estão diminuindo a população de espécies indígenas.

A Tabela 1 mostra um sumário da história de evolução da vida. O tempo geológico é classificado em quatro eras, sendo cada uma dividida em períodos e menores segmentos. Estas divisões são classificações de tipos de rochas sedimentares contendo fosseis de animais e plantas distintos e referem-se também aos períodos nas quais as fauna e flora prosperaram. A data é determinada por análises de isótopos radioativos. A geografia, o clima e outras características do planeta estão sempre mudando e as divisões do tempo geológico são marcadas por fenômenos como movimentos de continentes, variação do nível do mar em relação aos continentes, atividades vulcânicas intensas, queda de meteoros, variação da temperatura, e outros. Os períodos mostrados são longos, dezenas de milhões de anos, e houve em cada período surgimentos e evolução de novos tipos de vida e extinções de espécies.

Houveram cinco casos reconhecidos de grande extinção em massa. As causas não são bem entendidas, exceto a do quinto episódio. Um outro, sexto, caso de extinção está em progresso atualmente devido às atividades humanas. Em cada caso uma parte de fauna e flora desapareceu mas posteriormente surgiram novas formas de vida para ocupar os nichos deixados livres. Além destes surgimentos episódicos a evolução de vida continuou na forma de seleção natural e novas espécies mais avançadas se desenvolveram.

Tabela 1 História de evolução de vida: divisões maiores do tempo geológico (eras e períodos), suas durações aproximadas em milhões de anos antes do presente, alguns dos animais e plantas que apareceram nelas e casos de extinção em massa [6, 7, 10]

Eras e períodos geológicos

tempo
aproximado *

evolução de vida

extinção em massa
**

Precambriana

4600 - 570

.

.

Arqueano

4600 - 2500

unicelulares - procariotes (bactérias e algas)

.

Proterozoico

2500 - 570

unicelulares - eucariotes (bactérias e algas)

.

Paleozóica

.

.

.

Cambriano

570 - 505

planta - somente algas
animal - fauna de Ediacaran de corpo macio multicelular; explosão Cambriana de invertebrados como trilobites e moluscos

.

Ordoviciano

505 - 438

aparecimento de vertebrados - peixes primitivos

438
(12 %)

Siluriano

438 - 408

grandes invertebrados e peixes primitivos

.

Devoniano

408 - 360

animal - peixes, anfíbios; artrópodes terrestres
planta - proliferação de plantas terrestres

360
(14 %)

Carbonífero

360 - 286

animal - répteis, insetos com asas
planta - floresta de grandes arvores em terras baixas

.

Permiano

286 - 245

animal - evolução de insetos, anfíbios, répteis
planta - floresta de terras altas, eg, coníferas

245
(52 %)

Mesozóica

.

.

.

Triásico

245 - 208

animal - moluscos, anfíbios, répteis
planta - continuação da evolução na terra

208
(12 %)

Jurássico

208 - 144

animal - dinossauros, aparecimento de pássaros e mamíferos
planta - feto

.

Cretáceo

144 - 65

extinção de dinossauros no final do período

65
(11 %)

Cenozóica

.

.

.

Terciário

65 - 1,8

animal - expansão de mamíferos e pássaros
planta - evolução de plantas floríferas

.

Quaternário

1,8 - 0

surgimento do homem (< 1)

Em progresso

* os períodos mostrados são aproximados e variam entre literaturas
** os tempos de cinco episódios de extinção em massa são mostrados em milhões de anos atrás: o sexto está em progresso: o número em parênteses mostra a fração de número de famílias extintas – também variável entre literaturas


Casos históricos de extinção pelo homem


São descritos alguns casos marcantes de extinção causada pelo homem [2, 3]. A população humana mundial nos períodos históricos é estimada em 1 milhão (1M), 5M e 50M nos anos 10.000, 5.000 e 1.000 AC [11]. Apesar da pequena população (menor que 1% da atual 3000 anos atrás), a influência humana no meio ambiente e na biosfera não foi desprezível.

A modificação do meio ambiente pelo homem iniciou pelo menos 50.000 anos atrás quando savana na África foi queimada intencionalmente, possivelmente causando extinção de fauna e flora. Nas Américas e na Austrália, 15.000-20.000 anos atrás, a caça de grandes mamíferos aparentemente causou extinções consideráveis, com perda de entre 74 e 86% de gêneros de mega-fauna, animais maiores que 44 kg, inclusive o mastodonte e tigres com dente de sabre. Na Europa, pelo menos 5.000 anos atrás, foram iniciados desmatamento e conversão de terras selvagens em pastos. Há evidências de que na América do Norte povos indígenas modificaram florestas durante pelo menos 4000 anos, provendo oportunidades para búfalos aumentarem seu nicho e causando extinção de espécies, pelo menos localmente. Na América Central, grandes extensões de florestas já tinham sido desmatadas quando da chegada dos europeus.

A colonização pelo homem de ilhas nos oceanos também era uma causa de extinção de espécies nativas devido à introdução de animais predadores e plantas invasoras, caça intensiva, conversão de florestas em pastos e terras para agricultura. Nas ilhas do Hawaii estavam presentes 98 espécies de aves endêmicas antes da colonização pelos polinésios em 400 AD. Cerca de 50 delas foram extintas até 1778 quando os europeus chegaram pela primeira vez. Após a colonização humana da Nova Zelândia em 1000 AD, a introdução de cachorros domésticos e ratos, desmatamento de grandes áreas e caças intensivas de grandes pássaros levaram a extinção de 13 espécies de moas e 16 outros pássaros antes da chegada dos europeus. Estima-se que a colonização de outras ilhas dos Oceanos Índico e Pacífico levaram a extinção de até um quarto das espécies de aves que existiam milhares de anos atrás.

A colonização mais recente da Austrália e das Américas pelos europeus também causou profundas modificações do ecossistema e extinção de espécies. Mais de 60 espécies de vertebrados foram introduzidas na Austrália entre 1840 e 1880. O número de espécies de insetos introduzidos aos Estados Unidos aumentou de 36 em 1800 a mais de 1200 em 1980. No Hawaii a extinção de pássaros continuou devido a novas doenças e predadores introduzidos, como gatos, ratos e corujas. Dezessete espécies foram extintas, deixando somente 31% das espécies existentes no ano 400 AD. Diversas outras estão em perigo de extinção.

O número de espécies existentes na Terra é estimado em 13-14 milhões. Estima-se que cerca de 300.000 foram extintos nos últimos 50 anos [1, 4].


Biosfera e extinção em progresso


A maioria das espécies existentes ainda não foi estudada e conhecida, sendo o número de espécies nomeadas menos de dois milhões. A ciência usa uma hierarquia de classificação para organizar o estudo da biosfera, sendo a maior divisão os reinos, seguida por diversos níveis de categorias [6, 12]. Vários sistemas de classificação são usados, diferindo em nomes e números de categorias. O sistema mais simples tem dois reinos, animália e plantae, e outros sistemas podem ter até seis reinos, com fungo, protista (alga), monera (alga e bactéria) e archea (bactéria). Sistemas mais comuns usam categorias de filo (ou divisão), classe, ordem, família, gênero e espécie, mas é freqüente o uso de outras como subdivisão e subclasse.

Os números de espécies estudadas e nomeadas são seguintes [13]:

Reino Animália

1.000.000

Reino Plantae

350.000

Reino Fungo

100.000

Reino Protista

100.000

Reino Monera

10.000.

O número de casos de extinção documentado não é grande comparado ao número previsto para próximas décadas[14]. As razões incluem a taxa crescente de perda de habitat e a dificuldade de documentar extinções. A maioria das espécies ainda não foi estudada e pode desaparecer antes de ser conhecida. Uma espécie é declarada extinta após vários anos sem ser vista, sendo o número declarado bem conservador. Além disso, espécies com habitat reduzido ao nível abaixo do necessário para sobrevivência ao longo prazo podem continuar vivendo em pequena população durante décadas antes de extinção.

A avaliação provavelmente mais completa e confiável do estado mundial da biosfera é da IUCN publicada como Red List (lista vermelha) desde a década de 1960. As Tabelas 2 e 3 mostram números de espécies extintas e ameaçadas em diferentes graus nos reinos animália e plantae segundo a última versão, 2002 IUCN Red List of Threatened Species [15]. Em sumário, os números de espécies extintas e ameaçadas são seguintes:

Animal, extinto

719

Animal, ameaçado

8828

Planta, extinta

92

Planta, ameaçada

7058.

Os números de espécies extintas incluem espécies existentes somente em cativeiro ou cultivo. Os números de espécies ameaçadas incluem 3375 espécies de animal e 1344 espécies de planta menos ameaçadas (que vulnerável), menos estudadas ou em pequena população.

Tabela 2 Número de espécies extintas e ameaçadas de animal [16]

Classe

Ameaçada criticamente

Ameaçada

Vulnerável

Sub-total ameaçada

Extinta

Mamíferos

181

339

617

1137

77

Aves

182

326

684

1192

132

Répteis

55

79

159

293

23

Anfíbios

30

37

90

157

7

Insetos

46

118

393

557

72

Outras

438

456

1223

2117

408

Total

932

1355

3166

5453

719

Tabela 3 Número de espécies extintas e ameaçadas de planta [17]

Classe

Ameaçada criticamente

Ameaçada

Vulnerável

Sub-total ameaçada

Extinta

Coniferopsida

17

41

83

141

1

Ginkgoopsida

.

1

.

1

.

Magnoliopsida

928

1135

3139

5202

85

Liliopsida

79

82

129

290

3

Bryopsida

10

15

11

36

2

Marchantiopsida

12

16

14

42

1

Anthocerotopsida

.

1

1

2

.

Total

1046

1291

3377

5714

92

Nota: Coniferopsida e ginkgoopsida cobrem arvores e arbustos

Magnoliopsida e liliopsida cobrem plantas que florescem

As Tabelas acima referem se a espécies estudadas pela ciência, somente uma pequena parte da biosfera. Números de espécies que podem ser extintas no futuro estão estimados como segue [4, 18]:

  • Cada ano entre 3.000 e 30.000 espécies estão desaparecendo. Esta taxa de extinção é a mais alta nos últimos 65 milhões de anos e mais de 1.000 vezes maior que a taxa de fundo de extinções naturais nos períodos entre episódios de extinção em massa. A taxa de extinção está aumentando ainda mais. Os números citados anteriormente significam, grosseiramente, que surgiram em toda a história cerca de 500 milhões de espécies e que as taxas médias de surgimento de novas espécies e de extinção é de uma espécie por ano. A taxa de fundo de extinção para mamíferos é estimada em uma espécie em 400 anos [1].
  • Nos próximos 100 anos, serão perdidos entre um terço e dois terços de todas as espécies de mamífero, ave, planta e outros seres. Atualmente estão ameaçadas de extinção quase 25% das 4.630 espécies conhecidas de mamíferos, 34% de peixes, 25% de anfíbios, 20% de répteis, e 11% de aves. Muitas outras espécies estão com a população em declínio. Cerca de um terço das espécies de planta nos Estados Unidos estão ameaçadas de extinção.


População de algumas espécies de animais


São mostradas na Tabela 4 populações atuais e históricas de grandes animais, sendo algumas estimativas com alto grau de incerteza devido à dificuldade de censo.

Tabela 4 Populações estimadas de algumas espécies de animal [19]

Espécie

População histórica (ano)

População recente

Homo sapiens

3.000.000.000 (1960)

> 6.000.000.000

Gorila

.

120.000

Chimpanzé

.

100.000 – 200.000

Bonobo

.

10.000 – 20.000

Orangotango

.

25.000 –30.000

Elefante

Africano

1.300.000 (1979)

301.773 – 487.745

Asiático

100.000 (1900)

34.594 – 50.998

Urso marrom europeu

.

46.000

Panda gigante

.

1.000

Rinoceronte

Negro africano

70.000 (1960)

3.100

Indiano

600 – 700 (1975)

2.400

de Java

20 – 30 (1960)

40 - 60

de Sumatra

600 (1994)

300

Branco

.

11.670

Tartaruga (somente fêmeas)

Hawksbill

.

20.000

Letherback

115.000 (1982)

34.000 (1994)

Loggerhead

.

60.000

Olive ridley

.

800.000

Baleias (há 13 espécies)

N. Atlantic right

.

300 – 350

Bowhead

.

8.500

Blue

.

5.000

Fin

.

50.000 – 90.000

Sperm

.

1.000.000 – 2.000.000


Causas de extinção


Praticamente todas as extinções atuais são causadas pelo homem em diversas formas: perda e fragmentação de habitat, poluição, mudança de clima, introdução de espécies não nativas, caça, pesca e outras formas de uso intensivo [1, 20].

Perda e fragmentação de habitat é a maior ameaça para mamíferos, aves e plantas, afetando 83% de espécies ameaçadas de mamíferos, 89% das ameaçadas de aves e 91% das ameaçadas de plantas. Desflorestamento é a forma mais danosa que elimina praticamente todas as espécies existentes na área com efeitos imediatos. Florestas estão sendo perdidas pela colheita de madeira e para conversão de áreas para agricultura, cidades, rodovias e outros propósitos. Florestas tropicais são ecossistemas mais ricos em biodiversidade mas hoje estão sendo destruídas com ritmo crescente no mundo inteiro, especialmente no Amazonas e na Ásia do Sul, principalmente pela colonização para agricultura de subsistência. As causas fundamentais são o aumento contínuo da população e a dificuldade de integração social, sendo plantio em terras novas única opção de sobrevivência para uma parte do povo. Mesmo nas partes de florestas que permanecem, a sua fragmentação pode inibir movimentos de animais e limitar a população. Florestas isoladas tornam se efetivamente ilhas, levando eventualmente a extinção de algumas das espécies.

Terras molhadas como brejos e lagos têm sido secadas e convertidas em terras cultivadas, cidades e outros usos. Minas de diversos recursos também causam perda de florestas, erosão de terra e poluição dos rios, levando a perda de habitat.

Nos oceanos e em regiões litorâneas também, o habitat está sendo destruído para construção de casas, marinas, hotéis e outras instalações; conversão de manguezais para piscicultura; pescaria com dinamite em recifes corais; e outras formas de alteração. Manguezais, pântanos, baias, estuários e outras zonas litorais são criadouros de peixes e outros seres aquáticos e a sua destruição afeta diretamente a população destas espécies.

Introdução de espécies não nativas foi uma das causas principais de extinção pelo homem no tempo histórico, como mencionado anteriormente. Além de animais predadores e plantas invasoras, insetos e vetores de doenças também podem causar distúrbios em ecossistemas. Este fenômeno continua intensificando no mundo inteiro devido à globalização de comercio, viagens e navegação. Plantas e frutas importadas podem estar acompanhadas por insetos e vetores de doenças. Comércio de animais vivos, carne e outros produtos podem trazer doenças. Grandes navios atravessam oceanos levando água do mar de um local para outro, introduzindo animais e plantas não nativos.

Espécies introduzidas podem afetar ecossistemas de diversas maneiras. Elas podem tornar-se predadores que matam espécies nativas rapidamente até a extinção. Elas podem se multiplicar sem controle, consumindo mais que a vegetação local possa produzir. Sendo a vegetação normalmente a base de toda a biosfera, a sua destruição causará um colapso do ecossistema, levando eventualmente a uma nova composição mais simples. Plantas introduzidas podem competir por espaço, nutrientes e recursos minerais, levando em casos severos à eliminação de espécies nativas e à modificação do ecossistema inteiro. Insetos e vetores de doença podem se espalhar explosivamente em novos ambientes na falta de predadores naturais ou imunidade.

Caça, pesca e outros abusos são uma ameaça séria para pássaros (37% de todas as espécies), mamíferos (34%), plantas (8% das espécies avaliadas), répteis e peixes marinhos. Como mencionado anteriormente, há diversos casos de extinção de mega-fauna pela caça intensiva, como mastodonte, moas (Nova Zelândia) e pássaro elefante (Madagascar). Atualmente diversos animais estão ameaçados pela caça para alimento de povos locais (exemplos: gorila e outros macacos) e comércio de alguns órgãos (elefante, tigre, rinoceronte, tubarão) ou captura para comércio no mercado internacional de animais de estimação. Referente a plantas, diversas espécies de árvores de dezenas ou centenas de anos de idade estão sendo cortadas para o mercado de madeira nobre. Em diversos locais tradicionais de pesca comercial, a safra é diminuída e os tamanhos de peixes são menores. Recifes corais são locais de alta biodiversidade mas estão sendo prejudicadas pela pesca com dinamite e cianeto.

Poluição ameaça principalmente animais. Casos bem conhecidos incluem a esterilização de lagoas no norte da Europa pela chuva acida, pássaros mortos por comidas contaminadas com resíduos de inseticidas, herbicidas e outros compostos tóxicos, ovos inférteis de pássaros com casca fina que quebra facilmente, e anfíbios com deformações congênitas. Poluição dos oceanos por rejeitos sólidos também está causando mortes de animais, tais como pássaros e golfinhos mortos em redes de pesca descartadas e tartarugas com sacos plásticos no estomago. Plantas também são afetadas. Por exemplo, árvores em florestas foram enfraquecidas ou até mortas pela chuva acida que danifica as folhas e diminui nutrientes no solo [21, 22].

Mudança de clima. Cada espécie vive num nicho com características bem definidas, tais como temperatura, umidade, nutriente, espécies em volta e insolação. O aumento de temperatura devido ao efeito estufa causará mudanças de condições ambientais globais com muitas conseqüências na biosfera. A precipitação pode mudar, deixando certas regiões mais úmidas e outras mais secas. Zonas climáticas com dada faixa de temperatura sobem nas montanhas e migram na direção aos pólos. É previsto um aumento de 1,5 a 4,5 ºC da temperatura média global nos próximos cem anos. O nível do mar é previsto a subir cerca de 45 cm e modificará as condições nas zonas litorais. Espécies existentes nas montanhas podem perder seu habitat e desaparecer. Florestas precisam migrar a uma velocidade de 3-5 km por ano e sua composição também será afetada [23, 24]. Quando a temperatura da água na superfície do mar sobe alguns graus os corais em recifes perdem a alga simbiótica que fornece nutrientes e, se a condição permanecer, os corais eventualmente morrem [25].


Efeitos de extinção


Apesar da intensa discussão e preocupação mundial sobre a extinção de espécies, não haverá efeitos imediatos que a maioria das pessoas poderão ver ou sentir, exceto alguns casos como um colapso de pescaria de uma espécie popular ou o desaparecimento de um animal ou pássaro simbólico. Porém, ao longo prazo, pode ser prevista uma série de conseqüências contrárias ao interesse do homem.

Talvez a conseqüência mais fundamental seja uma mudança das condições físico-químicas da Terra. Seres vivos criaram as condições atuais, tais como o oxigênio no ar e a temperatura adequada, por meio de absorção de gás dióxido de carbono e de foto-síntese. A ciência mostra que houve mudanças de clima na história da Terra como altas temperaturas e eras de gelo. Estas mudanças podem ser iniciadas por uma pequena variação de um parâmetro como aumento da concentração atmosférica de gases do efeito estufa aumenta de precipitação, perda de florestas e algas marinhas que absorvem o dióxido de carbono. Pesquisas recentes indicam que, além das variações climáticas bem conhecidas, houve cerca de 700 milhões de anos atrás vários ciclos de climas extremos na Terra, inclusive fase de congelamento total até das zonas equatoriais e fase de altas temperaturas [8]. Mudanças na biosfera podem causar um ciclo vicioso que inviabiliza a continuação da civilização global.

Muitas espécies são úteis como fontes de remédios, alimentos, combustíveis, materiais para construção, e matéria prima para a fabricação de móveis e outras utilidades [1]. Globalmente entre 10.000 e 20.000 espécies de planta são usadas na medicina. Plantas utilizam a energia solar para produzir materiais sólidos e são a base de toda a cadeia de alimento. As plantas de grãos cultivadas atualmente foram criadas a partir de espécies selvagens. Hoje a maioria do cultivo de grãos é de mono-cultura de grande escala susceptível a doenças ou surto de pragas. Os materiais genéticos nas espécies selvagens são reservas de segurança no futuro contra estas possibilidades. Em alguns países em desenvolvimento e em certas regiões no norte, animais selvagens são fontes de alimento, roupa e renda. Cerca de 100 milhões de toneladas de peixes e outros frutos do mar são colhidos anualmente, suprindo uma parte considerável de alimentos no mundo.

A biodiversidade é uma fonte de prazer e satisfaz necessidades da mente humana. Como Rachel Carson descreveu, primavera sem o canto de pássaros será triste e desoladora. Fotografias de manadas de animais na savana da África ou na região norte do Canadá dão uma sensação de milagre de vida. Muitas pessoas acham companhias em animais e diversos povos no mundo inteiro adotaram animais como suporte espiritual nas suas religiões. Flores e outras plantas ornamentais são necessidades diárias e fontes de conforto espiritual. A extinção de espécies diminui o valor intrínseco da natureza.


Medidas possíveis e esforços mundiais


Há diversas medidas para reduzir e efetivamente parar a extinção de espécies e a comunidade mundial tem se esforçado nas últimas décadas para programar algumas delas. Diversos indivíduos, instituições, ONGs e governos nacionais vêm estabelecendo reservas ecológicas. Praticamente todos os países e diversas organizações internacionais assinaram acordos e convenções para proteger o meio ambiente (Salvando). Porém, as causas da extinção de espécies em progresso são as necessidades básicas do homem tais como espaço físico, alimentos, casas, móveis e o desejo de ter melhores condições de vida como conforto, lazer e consumo material que uma minoria usufrui em abundância mas a grande maioria somente vê na TV e em outros meios de comunicação globalizada. Para uma parte da população nos países subdesenvolvidos, a caça de animais selvagens e a agricultura de subsistência são únicos meios de sobrevivência. A inércia existente atrás destas necessidades e costumes sociais é enorme. Para reverter a situação, é necessária uma mudança fundamental no modo em que sociedades funcionam e como os indivíduos vivem. Esta mudança precisa envolver o sistema econômico, sistema de valor de indivíduos e de sociedade, convicções religiosas, os chamados direitos humanos e as rotinas diárias de indivíduos e, no mundo real, não acontecerá em futuro previsível. Será difícil parar o avanço da extinção e reverter o declínio das populações de espécies ameaçadas. Nas próximas décadas os processos atuais continuarão intensificando e uma grande parte da diversidade biológica da Terra será perdida.

As medidas possíveis incluem as seguintes:

  • Administração efetiva de habitats e ecossistemas, inclusive estabelecimento de áreas protegidas,
  • Cumprimento dos acordos chaves tais como a CBD, CMS e CITES (Salvando),
  • Criar incentivos e financiamento para a conservação,
  • Participação eqüitativa nos custos e benefícios,
  • Avaliação de biodiversidade e fatores sociais e econômicos relacionados,
  • Criação em cativeiro e re-introdução, inclusive uso de banco de sementes,
  • Administração e comunicação de informação sobre conservação,
  • Limitação do uso de pesticidas, herbicidas e outros poluentes químicos,
  • Intensificação de treinos e estabelecimento de capacidades técnicas.

As medidas citadas acima estão listadas na Ref.[1] e são necessárias e possíveis, mas não se tratam das causas fundamentais. Se a comunidade mundial seriamente deseja salvar o ecossistema e garantir a continuidade e prosperidade da civilização global, ela precisa resolver as questões da procriação, da pobreza absoluta de uma parte da população mundial, do capitalismo, da administração dos recursos finitos e do consumo excessivo da minoria, isto é, estabelecer e seguir uma nova base filosófica de convivência global sustentável, não somente entre sociedades humanas mas também envolvendo toda a biosfera.


Referências


1. IUCN, Species extinction,< http://www.iucn.org/news/mbspeciesext.pdf>.

2. WRI, A history of extinction, <http://www.wri.org/wri/biodiv/b03-koa.html>.

3. New Internationalist, Extinction is forever, http://www.newint.org/issue288/forever.htm.

4. Community Action Publications, Species extinction: our unraveling of creation, <http://www.healthyworld.org/species.html>.

5. Norman Myers, Mass species extinction, A winnowing for tomorrow’s world, <http://www.eco-action.org/dt/winnow.html>.

6. McGraw Hill Encyclopedia of Science and Technology.

7. The Evolution of Life on the Earth, Scientific American, October 1994.

8. P. F. Hoffman, et al, Snowball Earth, Scientific American, January 2000.

9. J. Wittke, Continental drift & plate tectonics, <http://jan.ucc.nau.edu/~wittke/GLG100/PlateTectonics.html>.

10. Threats to Biodiversity, Scientific American, September 1989.

11. The Institute for Memetic Research, Historical world population data, <http://www.futuresedge.org/World_Population_Issues/wp_details.html>.

12. Ecosystem World, Taxonomy: The hierarchy, <http://www.ecosystemworld.com/taxa003.htm>.

13. Thinkquest USA, Taxonomy table, <http://library.thinkquest.org/11771/english/hi/biology/taxonomy.shtml>.

14. WRI, Species extinction: causes and consequences, <http://www.wri.org/wri/biodiv/extinct.html>.

15. IUCN, The 2002 IUCN red list of threatened species, <http://www.redlist.org/>.

16. IUCN, Summary statistics, threatened species, Table 4a, <http://www.redlist.org/info/tables/table4a.html>.

17. IUCN, Summary statistics, threatened species, Table 4b, <http://www.redlist.org/info/tables/table4b.html>.

18. Environmental News Network, Scientists warn of mass extinction, <http://www.enn.com/enn-news-archive/1999/08/080399/extinction_4759.asp>.

19. WWF, Threatened species account, <http://www.panda.org/resources/publications/species/>.

20. Ecosystem World, Factors that cause species extinction, <http://www.ecosystemworld.com/thrt004.htm>.

21. USEPA, Effects of acid rain: forest, <http://www.epa.gov/airmarkets/acidrain/effects/forests.html>.

22. Air – An atmosphere of uncertainty, National Geographic, April 1987.

23. USEPA, Global warming impacts, Forest, <http://yosemite.epa.gov/oar/globalwarming.nsf/content/ImpactsForests.html>.

24. UNEP, Forests in flux, executive summary, <http://www.wcmc.org.uk/forest/flux/executive_summary.htm>.

25. UNEP, Climate Change 2001: Impacts, adaptation and vulnerability, Tropical reef coast, <http://www.unep.no/climate/ipcc_tar/wg2/295.htm>.


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