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sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

O pensamento científico



O Sr. X percebe que a Sra. Y todo dia de sexta-feira sai de casa toda arrumada. Essa observação o deixa explodindo de curiosidade. Até que pensou:
- Ela deve estar traindo o esposo...
Resolve segui-la, mas não sem imaginar a melhor forma de fazer isso. Até que chega o dia. Depois de muito caminhar, ela entra numa rua apertada e, olhando para os lados, entra numa casa amarela. Ele a espera pensando:
- O que será que ela está fazendo dentro da casa?
Ao sair, ela abraça alguém na porta. Beijos e sorrisos e toma o seu caminho de volta.
Ele repete, por várias sextas, a perseguição e em todas as vezes as cenas se repetem. Desconfiado, decide falar com o Sr. Z, esposo da "investigada". Foi direto:
- Olha, Sr. Z, a sua mulher está te traindo.
E contou, detalhadamente, o resultado da sua perseguição.
Foi um choque.
Na sexta seguinte, os dois seguiram-na. Ao perceber em qual casa a Sra. Y entrara, o Sr. Z falou:
- Sr. X, peço para que deixe a vida dos outros em paz. Passei uma semana me controlando para não acabar o meu casamento sem ter provas conclusivas contra minha mulher, para perceber hoje que não se tratava de traição, mas de cuidado.
- Como cuidado? Pergunta o Sr. X.
- A casa que o Sr. pensa que é do amante da minha esposa é a casa da minha mãe. Uma mulher doente que necessita de cuidados dos parentes que dispõe.

Essa é uma situação que, apesar de hipotética, pode acontecer com qualquer um. Olhando atentamente, podemos perceber que toda e qualquer pessoa realiza os passos do pensamento científico em toda e qualquer ação que deseje realizar. Observe a figura abaixo:


Os passos do pensamento científico são:

1. Observação de um fato;
2. Questionamento do fato;
3. Geração de hipótese;
4. Preparação do experimento;
5. Execução do experimento;
6. Anotação dos resultados;
7. Repetições do experimento;
8. Conclusões;
9. Publicação dos resultados.

A figura, extraída do http://emefsebastiao.blogspot.com/, acrescenta mais dois passos: descobertas e seguir aprendendo.

Algumas ressalvas são necessárias:

- É na preparação do experimento que surgem dois grupos fundamentais: grupo de controle, que é aquele onde são preservadas as características originais, e o grupo experimental, que é aquele onde o "tratamento" é aplicado;

- A publicação de uma pesquisa científica deverá ser feita em veículo de mídia apropriado: revistas, periódicos, jornais científicos e não de veiculação popular.

- As descobertas e o seguir aprendendo, sugeridos pela figura, são de extrema importância no entendimento de que o pensamento científico não difere muito das nossas ações do dia-a-dia.

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Objetofilia




Hoje, durante a madrugada televisiva, estava acompanhando mais um capítulo da excelente série Nip/Tuck (Estética), exibida no SBT.

Só para você se situar, esta série é um drama médico que mostra o lado negro desse mundo, onde as pessoas só se preocupam com a beleza exterior. E ainda retrata quanto esses valores estéticos podem tornar a vida dolorosa e patética. Ela escancara a vida de dois cirurgiões plásticos: o Dr. Sean MacNamara (é o equilíbrio da dupla) e o Dr. Christian Troy (a impulsividade em pessoa). Muito verborragia sexual, cenas convincentes de cirurgias plásticas e muita, mas muita dor pessoal.

Voltando para o capítulo assistido durante essa madrugada que mostrou três casos surpreendentes:

1º) Um homem que paga por uma verdadeira repaginada em sua esposa. Até aí, nada de estranho. Mas o objetivo dele é ofereçê-la a um homem bem situado, pois está com os dias marcados para morrer;

2º) Um homem que sofre de uma deficiência genética rara associada com o vírus HPV, conhecida como córneos cutâneos, resolve fazer a extração de toda a crosta formada pelas verrugas;

3º) Um médico, que irá substituir o Dr. Christian Troy na clínica (o Christian está com câncer e com os dias de vida contados. Ele resolveu casar-se com a sua auxiliar, que era lésbica, e curtir ao seu lado os momentos restantes de vida), que tem a Objetofilia. Ele transa com o sofá do consultório do Christian e é pego pelos dois, em seguida é despedido.

Para ser sincero, nunca tinha ouvido falar sobre esse desvio sexual. Fui pesquisar e só encontrei brincadeirinhas sem graça, até que encontrei o Blog do Instituto Zequinha Barreto (http://blog.zequinhabarreto.org.br/2008/04/10/objetofilia-fetichismo-e-neo-sexualidade-apaixonados-por-coisas/) e lá extraí esse texto, que além de elucidar as minhas dúvidas é de leitura muito leve:

Objetofilia, fetichismo e neo-sexualidade: apaixonados por coisas


Algumas pessoas amam seus notebooks mais que qualquer outra coisa no mundo. Outras excitam-se sexualmente com instrumentos musicais ou edifícios. Especialistas estão tentando entender uma bizarra obsessão sexual conhecida como objetofilia

Frank Thadeusz

O dia 9 de novembro de 1989 foi terrível para Eija-Riita Eklöf-Mauer. Uma horda furiosa avançou sobre seu marido em Berlim, atacando-o com martelos e arrancando pedaços inteiros de seu corpo.

“E junto com ele ligações emocionais, amor profundo, boas lembranças… A única maneira de sobreviver é ‘bloquear’ esse evento”, escreveu a sueca traumatizada em seu site na web anos depois.

Em 11 de setembro de 2001, o namorado de Sandy K., que vive em Berlim, foi publicamente executado nas ruas de Nova York. As cenas e as datas dos dois crimes podem ser distantes, mas o que une as duas mulheres é uma estranha e obscura obsessão.

Em 1979, Eklöf se “amarrou” com o Muro de Berlim e modificou legalmente seu nome para marcar a ocasião (”Mauer” significa “muro” em alemão). Desde os 8 anos de idade, Sandy K. foi terrivelmente apaixonada pelas Torres Gêmeas de Nova York. Nenhum desses dois amantes monumentais era conhecido como especialmente comunicativos. Nem pareciam dotados de qualidades de sedução. Mas para suas admiradoras as construções eram masculinas, sensuais e extremamente desejáveis.

Para Sandy, de 25 anos, a atração pelas coisas é tão poderosa que ela
confessa: “No que se refere a amor, só sou atraída por objetos. Não poderia imaginar um caso de amor com um ser humano”.

Sua renúncia radical ao amor entre duas pessoas não transformou a jovem em uma solitária. Ela foi admitida há muito tempo em um círculo de pessoas que pensam de modo semelhante, todas as quais se dedicam ao amor pelas coisas. Elas chamam-se objetófilas, ou “objectum-sexuals”. Os especialistas hoje enfrentam a tarefa de interpretar o fenômeno.

Volkmar Sigusch, professor aposentado e ex-diretor do Instituto de Ciências Sexuais da Universidade de Frankfurt, acredita ter desvendado os mistérios da objetofilia. Ele sondou extensamente essa atração pelos objetos como parte de sua pesquisa sobre várias formas de “neo-sexualidade” moderna.

O sexólogo vê essa inclinação como prova de sua hipótese de que a sociedade cada vez mais ruma para a assexualidade: “Um número crescente de pessoas declara abertamente ou pode ser vista vivendo sem um relacionamento íntimo ou de confiança com outra pessoa”, diz Sigusch, acrescentando que as cidades são povoadas por um exército de indivíduos socialmente isolados: “solteiros, pessoas isoladas, sodomitas culturais, muitos pervertidos e viciados em sexo”.

Não apenas fetichistas

“De modo algum somos meros fetichistas”, insiste Joachim A., e explica imediatamente a diferença: “Para algumas pessoas, seu carro torna-se um fetiche que elas usam para se colocar em destaque. Para o objectum-sexual, por outro lado, o carro em si - e nada mais - é o parceiro sexual desejado, e todas as fantasias sexuais e emoções se concentram nele”.

Hoje com 41 anos, ele diz que reconheceu e aceitou sua inclinação quando tinha apenas 12. Foi então que mergulhou “em um relacionamento emocional e fisicamente muito complexo e profundo, que durou anos”. Seu parceiro na época era um órgão Hammond. Agora ele tem um relacionamento firme com uma locomotiva a vapor, há vários anos. Como ele é excitado sexualmente pelos mecanismos internos dos objetos, empregos como técnico muitas vezes o levaram à infidelidade.

“Um caso de amor pode começar com um radiador quebrado”, diz o amante hoje monógamo, lembrando como começaram seus antigos casos. Joachim gradualmente percebeu que “você pode se revelar para um parceiro objeto de maneira íntimas, de uma maneira que nunca se revelaria para outra pessoa”. Isso inclui o desejo de “experimentar a sexualidade juntos”, ele acrescenta.

Experiência erótica sem limites

É verdade que a forma exterior do amante pode apresentar problemas para a consumação da parceria. Mas estes são resolvidos de maneira altamente pragmática pela maioria dos “objectum-sexuals”.

Sandy K. tinha uma maquete das Torres Gêmeas fabricadas em escala de 1:1000. A fachada é feita de alumínio anodizado, como a das originais - “para que a maquete pareça real”.

A miniatura em metal tem outra vantagem palpável: não enferruja quando Sandy toma “um delicioso banho com ela”. Aparentemente não há limites para a capacidade humana de experiência erótica: “Você entra com ela na cama, o que pode ser muito excitante”, explica.

O estudante de psicologia Bill Rifka, de 35 anos, que se relaciona com um iBook, admite que “muitas vezes flertei com lindos laptops no eBay e senti verdadeiro desejo”. Como todos os “objectum-sexuals”, Rifka também atribui um gênero claro a seu parceiro: “Para mim, meu Mac é masculino. Estou vivendo uma relação homossexual, por assim dizer”.

Rifka compartilha sua tendência homoerótica por objetos com Doro B., de 41 anos, que se apaixonou por uma máquina de processamento de metal em seu trabalho e “imediatamente senti uma presença feminina”. A máquina a excita com seu “doce zumbido” desde então. Mas às vezes também a deixa preocupada: “Minha gatinha teve um de seus acessos e entrou em pane”, ela anotou temerosa em seu diário online.

Na vida cotidiana, Doro precisa limitar suas demonstrações de afeto a “afagos e carícias - então não há muito problema se alguém vir”. Quando ela está em casa e quer “mais”, pega uma peça ou um modelo de sua namorada. Mas, acrescenta, “não é um substituto; é mais um suplemento. É por isso que não conta como trapaça. O modelo serve como uma espécie de máquina de fax que transmite meus sentimentos para minha amada”.

O sexólogo Sigusch não quer classificar esses comportamentos estranhos como patológicos. “Os objetófilos não prejudicam ninguém. Não estão abusando ou traumatizando outras pessoas”, ele avalia. E então pergunta suavemente: “De quem você poderia dizer a mesma coisa?”

Tradução: Luiz Roberto Mendes Gonçalves

Der Spiegel

domingo, 2 de janeiro de 2011

Os Benefícios da Amizade




O ser humano é o animal mais fascinante de toda a natureza. Basta você dar um passeio pela história para perceber que ele, desde o início, teve de cultivar a sociabilidade e é dela que surgiu a AMIZADE. De acordo com o Dicionário Eletrônico Houaiss, a palavra amizade significa:

1. sentimento de grande afeição, simpatia, apreço entre pessoas ou entidades;
2. tem quem é amigo, companheiro, camarada;
3. relacionamento social;
4. concordância de sentimentos ou posição a respeito de algum fato; acordo, pacto, aliança;
5. apego de alguns animais ao homem;
6. pode ser uma atitude de benevolência;
7. pode ser um estado de concubinato; mancebia;
8. pode ter uso como interlocutório pessoal.

Ufa! Para quem fez o Houaiss, amizade significa muita coisa...

Partindo desse pressuposto e retornando ao primeiro parágrafo, o homem ao longo da história foi reforçando esse sentimento. A Arte, seguindo a tendência, adequou-se a essa necessidade social e nos ofereceu grandes exemplos:

- Alexandre Dumas escreveu Os três mosquiteiros;
- Jorge Amado escreveu Quíncas Berro D'água;
- Patrice Leconte dirigiu o filme Meu melhor amigo (Mon meilleur ami);
- Milton Nascimento compôs e cantou Canção da América.

Os exemplos são inúmeros, mas o da Universidade de Chicago veio dar uma luz especial a esse tipo de relacionamento. De acordo com Dra. Louise Hawkley, diretora e pesquisadora do laboratório de neurologia social, o nosso corpo pode estar mais vulnerável quando não cultivamos amizades, e temos uma vida solitária. De acordo com a sua pesquisa pode haver um aumento da pressão sanguínea, inflamações, a pessoa pode ficar mais sensível ao diabetes, mais vulnerável ao álcool, mais sedentária, etc. Além de tudo isso, a solidão pode afetar o psicológico, deixando as pessoas mais depressivas e estressadas.

Outra universidade norte-americana, a de Minessota, realizou em parceria com a National Geografic Society uma pesquisa que apontou que a longevidade também está relacionada à amizade. De acordo com a pesquisa, pessoas que tem uma rede de amigos vivem mais, pois estão sempre exercitando a mente, além de fortalecendo o sistema imunológico.

Segundo levantamento feito pelo Centro de Envelhecimento da Universidade de Flinders, nos EUA, as pessoas que têm uma rede social de confidentes vivem 22% a mais que as pessoas que são solitárias.

Já a Universidade de Toronto, no Canadá, realizou uma pesquisa sobre pessoas solitárias e descobriu que elas sentem mais frio que pessoas que possuem amigos, isso acontece porque as pessoas que se sentem só, sofrem uma alteração na percepção do calor. Ainda nessa linha, a Dra. Louise Hawkley garante que o órgão que mais sofre com a falta de amigos é o coração, segundo ela viver de forma solitária só faz com que o hormônio cortisol - responsável pelo aumento da pressão arterial - seja produzido em maior quantidade, o que provoca inflamações e aumentam a resistência da circulação sanguínea do sistema cardiovascular.

Pesquisadores norte-americanos da Universidade da Califórnia realizaram uma pesquisa sobre mulheres em situação de estresse e descobriram que quanto maior o estresse, mais amizades as mulheres fazem. Isso acontece porque os organismos dessas mulheres liberam um hormônio chamada ocitosina. Quando essa substância está presente no organismo feminino em grandes quantidades, as mulheres fazem mais amizades. Já com os homens em situação de estresse acontece o contrário, pois nessas situações seus organismos liberam testosterona, que por sua vez diminui a ação da ocitosina.

Portanto:

Faça amizades, viva feliz e com saúde.
Lembre-se que quando a mente está sã o corpo também está são.

Mas lembrem-se também que a amizade anda de mãos dadas com a confiança.

Observem essa história passada na época medieval:

De partida para uma cruzada, um soldado muito ciumento resolveu colocar um cinto de castidade em sua esposa, temendo ser traído.
Mas ele parou um pouco e pensou:
- Não é justo, posso morrer na guerra e minha mulher é muito jovem. Já sei, darei a chave ao meu amigo de confiança. Se algo acontecer comigo, ele poderá soltá-la.
E assim o fez. No dia da partida, mal tinha cavalgado 200 metros, ouviu a voz do seu amigo, que corria desesperadamente ao seu encontro. Assim que ele chegou, o esposo foi logo perguntando:
- Que aconteceu amigo? O que houve?
E o outro falou, quase sem fôlego:
Companheiro! Você deixou a chave errada!



sábado, 1 de janeiro de 2011

A Presidente ou a Presidenta?


Nunca antes na história desse país...

Quando o autor desta ilustre frase, o Lula, entranhou essa frase em seu íntimo, nunca mais parou de utilizá-la de forma verborrágica. O engraçado é que o agora EX, sempre a utilizava para enaltecer suas façanhas. Nunca soube porque ele não a utilizou nos casos críticos, acontecidos em seu governo. Imagine se ele falasse:

- Nunca antes na história desse país houve um partido mais mafioso que o meu;
- Nunca antes na história desse país houve um caos tão grande na saúde;
- Nunca antes na história desse país ouviu-se tanta omissão de um Presidente.

E por aí vai...

Mas voltando ao título desse post, nunca antes na história desse país, houve tanta discussão quanto a forma de tratamento ao se referir à nossa representante maior. Afinal qual dos termos é o mais correto?

Bom, para responder a essa questão há dois pontos a serem considerados:

1. O gênero - a mulher, no decorrer do século XX, foi conquistando o seu espaço na sociedade e a língua, na tentativa de acompanhar essas conquistas, foi sendo adequada. Surgiram então as juízas, as prefeitas, as delegadas, as governadoras, etc. De acordo com Paulo Flavio Ledur, autor dos livros Português Prático e Guia Prático da Nova Ortografia, a forma Presidenta é a mais adequada.

2. A estética linguística - a imprensa em geral toma a forma Presidente como um cargo, isso naturalmente é o resultado de uma sociedade calcada no machismo. Na Argentina, houve uma discussão semelhante quando Cristina Kirchner se apresentou como candidata. Com a resistência ao uso da palavra Presidenta, pelos meios de comunicação, ela bradou em um discurso como queria ser chamada se eleita:

- Presidenta! Comecem a se acostumar. Presidentaaa ... E não Presidente!

Discussões à parte, a verdade é que temos uma nova representante maior. Uma mulher está no comando. Não há o que temer. Principalmente se lembrarmos daquela mulher que comandou, ou comanda ainda, a nossa vida: A NOSSA MÃE.

Sensibilidade deverá ser a palavra de ordem. Mas, com certeza, Dilma deverá ter a famosa frase do argentino Ernesto "Che" Guevara bem calibrada dentro de sí:

Hay que endurecer-se. Pero sin perder la ternura jamás